Após virar réu, o ex-presidente Jair Bolsonaro afirma: “Eu não estou morto ainda, vou andar o Brasil ainda”
Ao contrário do movimento feito na terça-feira (25), Bolsonaro optou por não ir à sessão do STF nesta quarta-feira (26); ele agora é réu
Jair Bolsonaro (PL) optou por não ir à sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quarta-feira (26) e acompanhou o julgamento da denúncia no gabinete do filho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Réu por suposto golpe de Estado, Jair Bolsonaro repetiu as críticas recorrentes à denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), acolhida nesta quarta-feira (26) pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele criticou a celeridade do processo, disse que a intenção do Judiciário é tirá-lo da eleição presidencial e afirmou ser alvo de um “teatro processual”. Repetidamente, perguntou: “Eu sou golpista?”.
O ex-presidente assistiu à transmissão do julgamento no gabinete do filho, senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), e cercado por aliados, reagiu à ação penal instaurada pela Corte. “Parece que existe algo pessoal contra mim. A acusação é muito grave, e são acusações infundadas”, disse, rebatendo o teor da denúncia da PGR e do inquérito da Polícia Federal (PF). Bolsonaro repetiu que atuou “nas quatro linhas da Constituição” e criticou a atuação do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito. “Ele bota o que ele quer lá”, afirmou. “Golpe tem tropas, tem armas e tem liderança. A investigação não descobriu quem seria esse líder”, disparou. Na declaração que se estendeu por cerca de 50 minutos, ele insistiu nas críticas à segurança das urnas eletrônicas, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e à atuação do STF, também atacou a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e se disse perseguido.
Apesar de ter prometido responder às perguntas dos repórteres e vetado a imprensa de questioná-lo durante a declaração, Bolsonaro encerrou a fala sem qualquer resposta. No encerramento da declaração, Flávio Bolsonaro interviu: “os advogados orientaram”, justificando que ele não responderia. O advogado Paulo Cunha Bueno acompanhou a fala do ex-presidente. 'Vamos provar a inocência', diz advogado de Bolsonaro. Em conversa com a imprensa após o resultado da Primeira, o advogado Celso Vilardi, que defende o ex-presidente, afirmou que vai provar a inocência de seu cliente. Ele ainda voltou a reclamar que as defesas não têm tido acesso amplo ao processo. Esse ponto é contestado pelo relator do caso, ministro Alexandre de Moraes, e o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco.
“Avisamos que a defesa teria um prejuízo concreto com a questão de não ter a totalidade dos elementos de prova. E hoje, o que aconteceu aqui: trechos de diálogos e de depoimentos. Não sabemos em qual contexto eles foram colocados, de que forma foram colocados. Vamos provar a inocência, mas precisamos de ter liberdade de defesa, senão fica muito complicado”, disse Vilardi.
Também na avaliação do advogado, a materialidade da denúncia se concentra no 8 de janeiro, episódio em que Bolsonaro, segundo ele, não teria tido nenhuma participação: “Só na denúncia que surge esse envolvimento, nem no relatório da PF surgiu, e ontem eu disse que essa é a minha preocupação. Criou-se uma narrativa do 8 de janeiro para envolver o presidente. Nisso o presidente não tem nem remotamente um envolvimento”.
O ex-presidente diz ainda que a previsão que o julgamento se encerre ao final deste ano é uma espécie de atentado jurídico à democracia. “Um julgamento político, conduzido de forma parcial, enviesada e abertamente injusta por um relator completamente comprometido e suspeito, cujo objetivo é se vingar, me prendendo e me retirando das urnas”.
De acordo com Bolsonaro, se ele disputar o pleito em outubro do ano que vem, ele venceria a eleição para Presidência da República e conquistaria a maioria no Senado. “A ironia é que, quanto mais atropelam regras, prazos e garantias para tentar me eliminar, mais escancarado fica o medo que eles têm das urnas e da vontade do povo”.
Fonte: Lucyenne Landim e Lara Alves - O tempo

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